Obras no Estádio Independência

25/07/2010

Com o Mineirão em obras até 2013 para a Copa do Mundo, caberá ao Estádio Raimundo Sampaio, comumente conhecido com Independência, sediar os jogos dos clubes de Belo Horizonte entre 2011 e 2013. Porém, para suportar tamanha demanda, o estádio também necessita de uma profunda reforma. Esta reforma vem ocorrendo desde janeiro de 2010, e a previsão inicial era para o estádio estar pronto já em setembro do mesmo ano. Posteriormente, o prazo foi modificado para outubro. Agora, os responsáveis já falam em março de 2011 como data para a entrega da obra.

O projeto original da reforma sofreu algumas modificações, principalmente no que diz respeito ao prédio que abrigaria, além de um centro de convenções, estacionamento para 800 vagas, salas de antidoping, vestiários e auditórios. Agora foi adotado um modelo mais simples, apenas com a infraestrutura básica para a realização das partidas. Outra mudança que encareceu o projeto foi em relação às fundações e contenções, que agora são de um modelo considerado mais conservador, e consequentemente, mais seguro.

A partir disso, a reportagem do Cultura Futebolística foi ao estádio conferir o andamento das obras:


Estádio da Semana: Alameda

28/01/2010

Inaugurado em 27 de maio de 1948, o Estádio Otacílio Negrão de Lima era pertencente ao América Futebol Clube, de Belo Horizonte.

O América, fundado em 1912, inicialmente mandava seus jogos num campo num terreno na Avenida Augusto de Lima, próximo à Praça Raul Soares. No final da década de 1920, mais precisamente em 1929, a prefeitura de Belo Horizonte, com o então prefeito Cristiano Machado, comprou aquele terreno pertencente ao clube, para a instalação do Mercado Municipal de BH, que hoje é o Mercado Central.

Por alguns anos, o América disputava seus jogos no mesmo estádio que os outros grandes clubes da cidade, Palestra Itália e Athlético Mineiro, o estádio do Prado Mineiro, onde hoje é a sede do Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, na Rua Platina, no bairro do Prado. O Atlético, porém, construiu seu estádio no próprio ano de 1929, o estádio Antônio Carlos, no bairro de Lourdes. O Palestra, por sua vez, concluiu as obras do seu estádio Juscelino Kubitschek em 1945, no bairro do Barro Preto. Ainda assim, o estádio do Prado era o maior da cidade.

Com os dois rivais com o seu próprio estádio, o dinheiro da venda do terreno antigo e já com o título de decacampeão mineiro entre 1916 e 1925, o América compra então um terreno na Avenida Francisco Sales, no bairro de Santa Efigênia. E neste local constrói o estádio Otacílio Negrão de Lima. Com o passar do tempo, o estádio ficou conhecido como Estádio da Alameda, por também ter entrada pela Alameda Álvaro Celso.

O estádio foi inaugurado em 27 de maio de 1948, com a realização de uma festividade solene de apresentação do Torneio Quadrangular de Belo Horizonte, cujos jogos aconteceram nos dias seguintes. O estádio recebeu o nome do então prefeito de Belo Horizonte, Otacílio Negrão de Lima (prefeito de BH entre 1935 e 1938 e entre 1947 e 1951), que tinha grande influência e participação dentro do clube. Participaram do torneio, além do América, o Vasco (atual campeão carioca e do primeiro Sul-Americano de Clubes, em 1948 mesmo, e com a base da Seleção Brasileira que jogaria a Copa de 1950), o São Paulo (campeão paulista) e o Atlético Mineiro (campeão do Campeonato da Cidade de 1947 – antecessor do campeonato mineiro). O América sagrou-se campeão do torneio, vencendo o Vasco por 4 a 2, e empatando com os outros dois rivais. Ainda em 1948, o América sagrou-se campeão do Campeonato da Cidade (Campeonato Mineiro), porém só voltaria a conquistá-lo nove anos depois, em 1957.

À época de sua inauguração, o Estádio da Alameda era considerado o terceiro melhor do país, perdendo para o Pacaembu, em São Paulo, e São Januário, no Rio de Janeiro. A capacidade do estádio era de 15.000 pessoas. Na inauguração, o público foi de 12.500 pessoas, sendo 10.652 pagantes, o que proporcionou a maior renda do futebol mineiro até então: 300 mil cruzeiros. Com toda pompa, a Alameda tomou do Prado o título de principal estádio da cidade de Belo Horizonte.

Isso durou apenas dois anos, afinal, já em 1950, foi inaugurado o estádio Raimundo Sampaio, o Independência, construído para abrigar jogos da Copa do Mundo do mesmo ano. Nessa época, o Independência era pertencente ao Governo de Minas Gerais. Depois de 1948, o América só voltaria a ser campeão mineiro em 1957, já no Independência. Assim, o estádio da Alameda ia perdendo aos poucos sua importância.

Com a inauguração do Mineirão, em 1965, o Independência passou a ser posse do Sete de Setembro FC. O próximo título estadual do América só viria em 1971, já no “Gigante da Pampulha”. Ainda na década de 1960, o América entra numa grave crise financeira. Para de investir nas divisões de base e perde grandes talentos, como Tostão e Hílton Oliveira, para o Cruzeiro, que nessa época monta um dos melhores times da história do futebol brasileiro. O América, que já havia sido o maior clube de BH, agora era a terceira força da cidade, perdendo em número de torcedores e também financeiramente.

A crise durante a década de 1960 resultou na venda do terreno do estádio da Alameda em 1973, durante a gestão do presidente Ruy da Costa Val. O América estava ameaçado de ser fechado, tão grave a crise financeira. O déficit era maior a cada mês, sendo que funcionários e jogadores já não recebiam seus salários. Nem empréstimos o América podia receber. Em entrevista na época, o presidente relatou que metade do estádio também já não pertencia ao clube, pois fora desapropriada pela Prefeitura. E era justamente a metade mais valiosa do estádio, a que dava de frente para a Avenida Francisco Sales. Com o passar dos anos, entre 1948 e 1973, várias partes do estádio já haviam avançado a terrenos de outras pessoas, próximas ao local, sendo necessária a ajuda do governo estadual para o América conseguir as escrituras necessárias. Os dirigentes da época lutavam para recuperar a parte que havia sido perdida do estádio.
O estádio em si já era defasado, uma vez que por suas pequenas dimensões (menos de 100 metros) não servia para os treinos do América, sequer para jogos. Abaixo das arquibancadas era mantida toda a infraestrutura do clube: escritórios para os dirigentes e vestiáros, dormitórios e refeitórios para os atletas.

Através de um decreto do então governador do estado de Minas Gerais, Rondon Pacheco, o América pode vender o terreno do estádio da Alameda para o Grupo Pão de Açúcar. No local, foi construído o primeiro hipermercado da cidade, o Jumbo (posteriormente se tornaria Jumbo Eletro, e na década de 1990 viraria o Extra Hipermercados, ainda hoje do Grupo Pão de Açúcar).

Com o dinheiro recebido com a venda do estádio da Alameda, o América construiu sua nova sede social, com mais de 20 mil metros quadrados, no bairro Ouro Preto, além de quitar todas as suas dívidas.

Fontes: Diafragma, Templos do Futebol, Wikipédia e Superesportes.


Sete de Setembro e Raimundo Sampaio

10/10/2009

No Jornal Nossa História dessa semana, que circula no bairro Sagrada Família, em Belo Horizonte, saiu uma reportagem sobre Raimundo Sampaio, ex-dirigente do extinto Sete de Setembro Futebol Clube e que dá nome ao estádio Independência, atualmente em posse do América. Achei conveniente compartilhar essa história com aqueles amantes do futebol antigo.

Sete de Setembro FCO “Sete de Setembro” foi fundado no dia 07 de setembro de 1913 e se estivesse em atividade estaria completando 96 anos. Em 1944, passou a se chamar Sete de Setembro Futebol e Regatas, quando foi criada a Federação Mineira de Remo. Em setembro de 1948, voltou, a atender por Sete de Setembro Futebol Clube.

Seus primeiros jogos aconteceram no campo da Chácara Negrão, na rua Itajubá e depois passou a jogar no Independência, estádio construído para a Copa do Mundo de 1950.

Clube de muitas glórias e de grandes craques, o Sete foi vice-campeão da Cidade em 1919 e 1920. Conquistou o Torneio Início de 1922 e o Torneio Coronel Oscar Paschoal em 1956. 

Participou 17 vezes do Campeonato da Cidade de 1915 a 1932, quando o futebol era amador e 24 vezes da era profissional, de 1933 a 1957. Disputou 10 campeonatos mineiros nos anos 1958, 59, 60, 61, 69, 70, 71, 74, 75 e 1976, ano que encerrou suas atividades na 1ª divisão do futebol mineiro e em 1989, com a extinção do clube, o América arrendou o Estádio Independência, mantendo-o sob sua administração.

Raimundo Sampaio

Mas, quando nós lembramos do saudoso Sete de Setembro Futebol Clube, somos obrigados a mencionar o folclórico Presidente vitalício do Sete, o Sr. Raimundo Sampaio, um personagem que, realmente fez e continua fazendo parte da história do futebol mineiro: A lembrança de Sampaio ainda continua guardada na memória de muitas pessoas do esporte e, uma das inúmeras lembranças que o Sete guarda na sua história, foi a festa dos seus 35 anos de vida que aconteceu no ano de 1948. Neste dia o Sete de Setembro enfrentou o Ypiranga, vice-líder do campeonato de São Paulo, onde o Sete venceu o jogo por 3 a 1, com gols de Rui e dois de Esmerindo. Na ocasião o time do Sete, dirigido pelo técnico Américo Tunes, jogou com Randolfo; Corsino e Oldak; Pradinho, Tilim e Mazinho; Esmerindo, Ferreira, Rui, Nelsinho e Caldeirão. Nesta partida teve uma atração a parte para o torcedor, foi o árbitro inglês Mr. Dewine que ostentava um uniforme de legítimo tecido de casimira inglês, cor de cáqui, mais parecido com a farda do Exército australiano do que com uniforme de juiz de futebol. De calção e meias até o joelho, o árbitro pequeno e esperto arrancou dos torcedores aplausos pelo seu uniforme e também quando correndo, fazia a sua famosa diagonal.

A ligação de Raimundo Sampaio com o Sete de Setembro foi muito forte e muito bonita. Ele foi o símbolo maior do clube, uma pessoa que dedicou seu tempo inteiramente a este saudoso clube que era o cartão postal da região. Praticamente, todos os jovens atletas que conviveram com o Sete de Setembro tiveram a oportunidade de fazer parte deste clube jogando em suas categorias de base e posteriormente aceitando o Sete como o segundo time do coração. Sampaio já chegou a dizer que o Sete era mais importante na vida dele que a sua própria família. Sua vida se confundiu a história do clube a ponto do Sete ser uma espécie de sua casa própria.

Sampaio comandou o clube de forma rígida, a sua administração ficou conhecida como mão firme, o que lhe deu o título de severo e rabugento. Mas, até seus próprios adversários políticos reconheciam sua dedicação extraordinária ao clube.

Raimundo Sampaio para aqueles que não sabem, foi árbitro de futebol nas décadas de 30 e 40 e jogador de futebol. Dizem que ele foi um grande lateral direito nos anos 20, conhecido como Mundico e o nome Raimundo Sampaio que foi dado ao Estádio Independência é uma homenagem a este que foi um grande incentivador do futebol e esporte de modo geral em Minas Gerais. Quando nos lembramos de Raimundo Sampaio, temos que falar também sobre o Estádio Independência, que foi o maior palco do futebol mineiro durante 15 anos até a era Mineirão, inaugurado em 1965.

Com a construção do Estádio Magalhães Pinto, o Independência caiu em um injusto esquecimento. Os torcedores e clubes não ligavam mais para o velho alçapão do Horto e para a sobrevivência do Sete de Setembro Futebol Clube, que já não tinha as rendas dos jogos do aluguel do estádio, passou a alugá-lo para outros clubes da capital para realizar treinamentos. Mas, depois da construção da Vila Olímpica, Vale Verde e Toca da Raposa essa prática foi interrompida. O resultado foi o estado de abandono em que o estádio ficou por vários anos. Porém este quadro mudou em 1986 com a reforma do Independência no governo Hélio Garcia que passou para o América tomar conta.

Equipes amadoras participavam de torneios promovidos pelo Sete

O Sete de Setembro na sua existência proporcionou aos moradores do entorno do Estádio Independência um lazer agradável que com certeza está guardado na memória de muitos. Além da quadra esportiva, da piscina, das peladas atrás das traves (gols), dos torneios envolvendo times amadores da região, do desfile da primavera do qual participavam escolas públicas, municipais e particulares, dos bailes na sede social e dos jogos das categorias de base e profissional do Sete, fizeram da época momentos felizes que o América, com a nova reforma do Independência, poderia resgatar numa forma de interagir com a comunidade e ao mesmo tempo conquistar novos torcedores. Raimundo Sampaio morreu dois dias depois de completar oitenta anos. Ele foi sepultado no Cemitério do Bonfim e a bandeira vermelha e branca do seu clube acompanhou o caixão. No seu velório inúmeras personalidades do esporte estiveram presentes. Sampaio morreu por causa de um derrame sofrido em 03 de julho e seu estado de saúde complicou, vindo a falecer em 23 de agosto de 1984.

Hoje o Independência tem o nome do saudoso Raimundo Sampaio e está prestes a ser reformado novamente. Aqueles que conviveram com o Sampaio e torceram muito pelo Sete de Setembro, gostariam que dentro do novo estádio fosse feito um memorial. Seria uma forma justa de homenagear a bonita e difícil história de um clube que no passado foi muito respeitado.